Opinião da semana do colunista Juninho Bill ” Cortando a própria carne “

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Cortando a própria carne!

Os clubes brasileiros de futebol, dos maiores aos nanicos, costumam resolver seus problemas internos ou externos, demitindo técnicos. Trata-se de uma técnica primitiva, porém, lógica. Sim, caros leitores…!! é mais fácil trocar um do que onze. Até mesmo o poderoso Flamengo fez isso na tarde de ontem, dispensando o razoável e contratando o duvidoso.

A equipe do Palmas Futebol e Regatas, como não poderia deixar de ser, não é diferente. Demitiu Celinho Valentim após a derrota vexatória, em casa, para o Tocantins de Miracema na última rodada da primeira fase. Sob o pífio argumento do “comum acordo” anunciou o fim do que pode ser considerado como vitoriosa parceria, anunciando em ato contínuo, a contratação do treinador tantas vezes campeão por essas bandas, Roberto Oliveira.

Todavia, há muitos outros fatores por trás dessa “demissão”, do que imagina o pobre e iludido “girador de catraca”. Vejamos: Celinho Valentim classificou a agremiação para as semifinais em terceiro lugar e obteve (06) vitórias, (06) empates e (02) derrotas em (14) jogos, totalizando (24) pontos. Assinalou (31) gols e levou (23). Não há dúvidas que trata-se de uma performance, no mínimo, digna, considerando-se o passado recente da equipe tricolor.

Mas a pergunta que paira no ar, o que todo torcedor questiona e não se conforma é: o que aconteceu com o time no último jogo?? Se já estava classificado, tal derrota seria relevante para a saída do treinador?? Pois é… pela lógica não!! Mas quem foi que disse que futebol tem lógica??

A bem da verdade, pelo menos três fatores influenciaram para a queda do treinador, vejamos:

1) A manutenção do atleta Rubens na equipe, jogando um futebol abaixo da média. Jogador rodado, experiente e habilidoso, entretanto, chegou ao Palmas fora de forma e desinteressado. Não foi capaz de desenvolver sua melhor performance, uma vez que conseguia errar passes de dois ou três metros, quando sua precípua função era armar as jogadas de ataque. A torcida pegou no pé, é evidente… clamava pela substituição, proferia  impropérios ao jogador, que se estendiam ao técnico. Questionado, Valentim foi sucinto: Rubens não tem substituto no elenco! Questiona-se: a culpa era realmente dele ou da diretoria que não conseguiu trazer outro jogador??

2) O atraso de salários no Palmas Futebol e Regatas não é segredo para ninguém. Qual jogador ou trabalhador desenvolve suas funções com qualidade sem receber a remuneração devida?? Não é absurdo, apesar de vexatório, deixar de jogar como forma de protesto, levar uma goleada como forma de aviso, como se estivessem suplicando: Socorro, precisamos receber!!

3) Aliado a tudo isso (leia-se: crise!), a agremiação contratou o ídolo Lucio Bala recebendo valores diferenciados dos demais atletas, e mais: de outra fonte pagadora! Segundo fontes confiáveis, Lucio recebe seus proventos, pela via transversa, qual seja, do gabinete de um determinado político da capital. Ora ora, será mesmo que a diretoria dessa agremiação, por um momento sequer, imaginou que os outros jogadores não iriam reagir?? É óbvio que isso ocorreria, e o ápice da manifestação discordante foi o total desinteresse em jogar bola contra o TEC de Miracema.

Não é difícil imaginar as confabulações na reunião dos jogadores: “Quer dizer que nós  aguentamos a barra de não receber em dia, damos o sangue, classificamos a equipe para outra fase do torneio, e o craque, a estrela do time, é o Lucio?? Não vai dar não, né, parceiro!”

Me parece tão patente e claro que isso não iria dar certo, que eu ainda não acredito que o Presidente Sanches não tenha vislumbrado esse revés anteriormente…

Questiona-se mais uma vez, caros leitores! Celinho Valentim era realmente o maior culpado?? Mas nem de longe! aliás, para quem não sabe, ele não foi demitido!! Ele pediu demissão, envergonhado com a balbúrdia que fora estabelecida. Com o fito de não “manchar” seu curriculum, visto que previa uma desclassificação ainda mais humilhante nas semifinais, pediu o boné e vazou na braquiara…

Não podemos deixar de reconhecer que apesar de amá-lo, o futebol tocantinense é amador em sua essência. Equívocos dessa natureza, no atual estágio da competição, são inadmissíveis.

Por fim, não creio que o treinador Roberto Oliveira seja capaz de “apagar esse incêndio” a curto prazo. Sem a contribuição da diretoria para resolver os problemas extra-campo, podem contratar o Pepe Guardiola que não dá conta. Portanto, Presidente Sanches, como admirador do seu trabalho e da sua honradez, digo-lhe: não se resolve o problema combatendo as consequências! A solução está em combater as causas…! E a causa são jogadores desmotivados, insatisfeitos e humilhados. E digo mais: o torcedor também tem o mesmo sentimento. O público no Estádio Nilton Santos no sábado, será pífio.

No mais, Gurupi, Interporto e Tocantinópolis já colocaram a faca nos dentes e vem com tudo!! Creio em uma final entre o Verdão do bico do Papagaio e a equipe protegida por Nossa Senhora das Mercês! O Gurupi não me inspira confiança. O Palmas, sem mudanças drásticas, volta para o rabo da fila… Tomara que eu esteja equivocado. Ficarei feliz se a Arara Azul queimar minha língua.

Juninho BILL

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